Foros de Vale de Figueira, freguesia do concelho de Montemor-o-Novo, foi criada pela Lei nº 65/88 de 23/05, mas que já por decreto do senhor D. David de Sousa, sobre a atualização das Paróquias de Évora, constituiu-se oficialmente em Freguesia Religiosa desde 01/01/1967, com o nome de Paróquia de Vale de Figueira, sendo que civilmente integrava a Freguesia de Lavre. Tem 1069 residentes segundo os últimos censos de 2011. Teve a sua origem na propriedade de Vale de Figueira, que era pertença de três famílias distintas, a norte a família Paneiro, a leste a família Freixo e a sul a família Cardador. Esta última por não querer pagar os impostos da época, foi-lhe hipotecada pelas finanças, tendo sido comprada pela família Cunhal, que mais tarde vendeu uma parte à família Vale de Gato, que é hoje a parte mais nova da Freguesia. Foi então a partir de 1910, segundo dados familiares, que se instalaram aqui os primeiros foreiros. Custódio Pedro, veio de Vale de Figueira de Baixo; a família Foito desconhece-se de onde veio; Joaquim José Gaitas, da herdade da Coparia; José Dias Beldroega da herdade de Valenças; a família Saiote da herdade da Caneira e Manuel do Campo que também era da região, assim como as restantes famílias. Estas famílias tinham como ocupação a agricultura, chamavam-lhes na época Cingeleiros, hoje pequenos agricultores. Estes homens trabalhavam as terras onde normalmente viviam, mas que não sendo suas, tinham que pagar vários tipos de rendas, que tanto podia ser, em dinheiro como em géneros ou ainda com serviços por si prestados e por seus animais. É a partir de 1910 que começa de facto, aqui a grande concentração da terra em meia dúzia de famílias. Isto obrigou que estas e outras famílias, fossem obrigadas a abandonarem a sua habitação e as terras que cultivavam. Estas famílias ao encontrarem aqui terreno à venda, fixaram-se, comprando os primeiros foros, ficando da mesma forma ligados à lavoura. Mas agora na condição de seareiros, já que a terra comprada, o seu rendimento não dava para o seu sustento e das suas famílias, pagando o terço ou o quarto dos cereais colhidos na seara aos donos das terras. Situação que mantiveram, com maior ou menos regularidade, até à década de cinquenta.
(…) As famílias atrás citadas, que aqui se fixaram, tiveram também elas, a necessidade de instalar aqui o seu primeiro comércio. Foi a família Foito que instalou aqui o seu estabelecimento, este de ordem muito rudimentar, por volta de 1914 – 1915. Só mais tarde a família Foito, veio a vender o seu comércio a António Carapinha, este tipo de comércio manteve-se até cerca de 1930-1935. É a partir desta data que abriram mais alguns comércios, mas com famílias da terra. Quanto ao ensino, divide-se em duas fases: a primeira teve início nas décadas de vinte a trinta, para ser mais preciso por volta de 1928, este ensino era particular e ministrado por uma senhora professora de nome Maria Augusta, que era filha de um proprietário da terra, e as aulas eram dadas, num prédio ainda hoje existente que é propriedade de alguns dos filhos dos primeiros alunos que ali estudaram, e que se situa ao lado da Estrada Nacional 114 do lado direito no sentido Sul/Norte, em frente da Pastelaria O Moinho. As dificuldades da época, a pobreza na região, só algumas pessoas, vivendo pobres é certo, mas como eram filhos de cingeleiros e seareiros tinham condições para pagar as ditas mensalidades acordadas com a senhora professora.
(…) E só a partir dos anos trinta é que se dão as primeiras aulas oficiais, sendo a primeira professora primária, vinda do concelho de Aviz e que se chamava Maria Joaquina do Rosário. Mas de facto só em 1940 é inaugurada a primeira escola oficial. São poucos os alunos que frequentaram a escola. Isto acontece por duas ordens de razões fundamentais: a primeira porque as crianças não eram obrigadas a frequentarem a escola, a segunda porque com a pobreza que existia na terra os pais não tinham meios para mandarem os filhos á escola. Só a partir dos anos cinquenta, a escola passou a ser obrigatória. Mas as crianças só eram obrigadas a fazer a terceira classe. Esta política de ensino, trouxe consequências graves à população, os seus conhecimentos literários são muito baixos. Situação que só se alterou a partir de 1974. E só agora começaram a aparecer as primeiras pessoas com cursos superiores. No fim de escrever estas poucas linhas a conclusão que se pode tirar, é que esta Freguesia, não tem monumentos classificados nem outros, não tem figuras ilustres, mas teve o seu primeiro e único Cabo-Chefe então nomeado e não eleito Valentim Baltazar Linguiça. Que apesar dos condicionalismos da época foi uma pessoa séria e honesta e que de alguma maneira os Foros alguma coisa lhe devem. Só temos que nos orgulhar de ter uma população laboriosa e humilde.